Uma menina palestina deslocada internamente brinca do lado de fora de uma escola das Nações Unidas na Cidade de Gaza, em 21 de setembro de 2025. Uma menina palestina deslocada internamente brinca do lado de fora de uma escola das Nações Unidas na Cidade de Gaza, em 21 de setembro de 2025.  (ANSA)

41.000 ataques a escolas em 2024

O fenômeno é noticiado pela mídia global quando afeta países ricos, mas, na realidade, é mais devastador e disseminado em áreas isoladas e zonas de guerra. De acordo com dados fornecidos pela ONU por ocasião do Dia Internacional para a Proteção da Educação, os locais mais afetados são os Territórios Palestinos Ocupados, particularmente a Faixa de Gaza, seguidos pela República Democrática do Congo, Somália, Nigéria e Haiti.

Cosimo Graziani*

A infinita tragédia de crianças mortas enquanto estão na escola se agrava a cada ano, de uma forma cada vez mais brutal. Na África, no coração da Europa, no Oriente Médio marcado pela tragédia de Gaza e nos Estados Unidos, onde as "Columbine High Schools" (cenário do massacre de 1999 que marcou a memória coletiva) se multiplicaram por dezenas, com seu saldo de mortes sem sentido e inexplicáveis.

Os dados coletados e publicados pelas Nações Unidas falam por si só: em 2024, os ataques contra crianças e jovens em idade escolar totalizaram mais de 41.000. Em termos relativos, o aumento em relação ao ano anterior é de 44%.

Cenas após os rebeldes do M23 anunciarem a reabertura de escolas e universidades em Goma. *REUTERS/Arlette Bashizi)
Cenas após os rebeldes do M23 anunciarem a reabertura de escolas e universidades em Goma. *REUTERS/Arlette Bashizi)

Durante este ano de 2025, foram registrados episódios do gênero em Tampere, Finlândia, em maio passado; em Graz, Áustria, em junho; e em Nantes, França, em abril. No Texas, em 15 de abril, em Dallas, e em 10 de junho, em Uvalde (19 crianças foram mortas somente lá). Em Minneapolis, em 27 de agosto, mais crianças foram mortas em uma escola católica.

O fenômeno é noticiado pela mídia global quando afeta países ricos, mas, na realidade, é mais devastador e disseminado em áreas isoladas e zonas de guerra.

De acordo com dados fornecidos pela ONU por ocasião do Dia Internacional para a Proteger a Educação de Ataques, os locais mais afetados são os Territórios Palestinos Ocupados, particularmente a Faixa de Gaza, seguidos pela República Democrática do Congo, Somália, Nigéria e Haiti.

Nestes países, como em outros lugares, todas as formas de violência sexual estão em ascensão, tendo como alvo mulheres e crianças jovens. Igualmente "alarmante", segundo a ONU, é o aumento da brutalidade que caracteriza outros tipos de crime, como o recrutamento forçado de crianças-soldado em idade escolar.

O que sobrou de escola de Mariupol, agora ocupada por forças russas. (EPA/Sergei Ilnitsky)
O que sobrou de escola de Mariupol, agora ocupada por forças russas. (EPA/Sergei Ilnitsky)   (ANSA)

Na Ucrânia, cinco milhões de crianças têm dificuldade de acesso à educação e 115.000 não conseguem mais sequer ter a possibilidade de abrir um livro. Quase 2.400 escolas foram destruídas, e meninos e meninas precisam recorrer ao ensino à distância, isso quando há conexões disponíveis. Quase o mesmo número de jovens e professores que puderam se beneficiar da ajuda da ONU para prosseguir com suas atividades didáticas, especialmente em regiões onde o conflito é mais intenso.

Em Gaza, a situação cada vez mais trágica já viu mais de dois milhões de pessoas deslocadas pelos ataques israelenses e 660.000 crianças privadas do direito à educação. Milhares e milhares também são privados do direito à vida, e os prédios escolares, quando convertidos em abrigos, muitas vezes se transformam em armadilhas. Em maio passado, bombas atingiram o Instituto Fahmi Al-Jirjawi, matando 50 pessoas.

No Haiti, mais de 1 milhão de menores são presas fáceis da violência das gangues. (EPA/johnson Sabin)
No Haiti, mais de 1 milhão de menores são presas fáceis da violência das gangues. (EPA/johnson Sabin)   (ANSA)

"Nenhuma criança deve arriscar a vida para aprender", escreveu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em uma mensagem no X por ocasião do Dia Mundial da Educação. "A caneta, a sala de aula e o livro são e sempre serão mais poderosos que a espada."

Um pensamento especial vai para as vítimas do ataque a uma escola em Orebro, Suécia, em 25 de fevereiro. Eram todos adultos, todos imigrantes. Eles retornaram à escola para se integrar e viver em paz em um país que estava disposto a acolhê-los. No fundo, eles também tinham o coração de jovens.

A ONU tem duas datas relacionadas com a educação: o Dia Internacional da Educação, assinalado a 24 de janeiro, que celebra o papel da educação para a paz e o desenvolvimento sustentável, e o Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques, comemorado anualmente a 9 de setembro, que foca na proteção das escolas e alunos contra ataques em zonas de conflito.

*Agência Fides

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25 setembro 2025, 15:34