São Bento José Labre, em imagem de Cavallucci São Bento José Labre, em imagem de Cavallucci 

S. Bento José Labre: conheça o Santo lembrado por Leão XIV no Jubileu dos Pobres

A vida desprovida de bens materiais e dedicada à penitência física e espiritual, orações, adoração ao Santíssimo, ao santo terço e as peregrinações a Santuários rendeu a São Bento José Labre o título de “Vagabundo de Deus”. Ele foi lembrado pelo Papa Leão XIV no Jubileu dos Pobres, como exemplo de quem caminha como e com os mais necessitados. O Papa Francisco já o havia citado como modelo de humildade e servidão a Deus

Mariane Rodrigues - Cidade do Vaticano 

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Na Santa Missa do Jubileu dos Pobres, do último domingo, 16 de novembro, presidida pelo Papa Leão XIV, o Pontífice se dirigiu aos mais necessitados, na Basílica de São Pedro. Com palavras de alento e esperança, Leão enfatizou aos fiéis que a “presença e a palavra de Cristo” são júbilos para os marginalizados e esquecidos da sociedade, “pois Ele veio anunciar aos pobres a boa nova e proclamar o ano de graça do Senhor”. E citou um Santo em particular, que inspira a todo cristão a servir aos que mais precisam, caminhando como Cristo caminhou: São Bento José Labre, o “vagabundo de Deus”. 

O Papa recordou que a Igreja quer ser “mãe dos pobres, lugar de acolhimento e Justiça”. E esse desejo da Igreja é ainda mais necessário nos dias atuais em que, com as palavras de Leão XIV: estão tão feridos “por antigas e novas pobrezas”, sejam elas materiais, morais ou espirituais. 

Na homilia, o Santo Padre exortou para que os chefes de Estados e os líderes das nações ouçam o clamor dos mais pobres. Ele agradeceu aos agentes da caridade e aos voluntários que dedicam seu tempo e energia para amenizar a dor de quem sofre por causa da pobreza de diversas maneiras. 

Em seguida, o Santo Padre fez menção a São Bento José Labre, o santo conhecido como o “vagabundo de Deus”, a quem o Papa Leão se referiu como quem possui as características de um verdadeiro padroeiro dos pobres que não possuem um teto para morar.

“Neste Jubileu dos Pobres, deixemo-nos inspirar pelo testemunho dos Santos e das Santas que serviram Cristo nos mais necessitados e o seguiram no caminho da pequenez e do despojamento. Em particular, gostaria de propor novamente a figura de São Bento José Labre, que com a sua vida de 'vagabundo de Deus' tem as características para ser o padroeiro de todos os pobres sem-abrigo”, afirmou o Papa. 

São Bento José Labre

Ele é um santo cuja devoção é pouco disseminada no Brasil, mas, apesar de ter nascido na França, São Bento José Labre teve sua história difundida mesmo na Itália, especialmente em Roma, cidade onde possui uma capela dedicada a ele: a Capela de São Bento José Labre ai Monti, localizada na igreja de Santa Maria ai Monti, na Via dei Serpenti, no bairro Rione Monti. 

São Bento José Labre não se confunde com São Bento de Núrsia, o monge do qual se atribui as atividades monásticas e que tem uma das ordens mais difundidas no mundo, a dos Beneditinos. Este sim, muito conhecido no Brasil. 

“O Vagabundo de Deus”

São Bento José Labre nasceu na cidade de Amettes, na França, em 26 de março de 1748, vindo de uma família de agricultores pobres com 15 irmãos, sendo ele o mais velho. Sua educação foi promovida por meio de um tio paterno, que era pároco. 

Conta a história que São Bento José Labre queria levar sua vida em um mosteiro, mas foi recusado por todos aqueles onde tentou. Nas estradas, ele encontrou seu próprio caminho, iniciando uma trajetória de peregrinação por algumas partes da Europa, especialmente, Roma. Foi por causa dessas andanças que ele ficou conhecido como o “Vagabundo de Deus”. 

Antes de mais nada, é necessário esclarecer: no Brasil, a palavra “vagabundo”, geralmente tem uma conotação pejorativa: pessoa que não trabalha, sem ocupações porque é ociosa, preguiçosa, ou de mau-caráter, que não possui boas qualidades. Todavia, em seu sentido literal, “Vagabundo” significa alguém que não tem uma casa habitual, que adota um estilo de vida viajante, sem um destino fixo. 

Assim, ao ser lembrado como o “Vagabundo de Deus”, São Bento José Labre é recordado como um homem que decidiu viver sob condição de pobreza e peregrinação desde os seus 22 anos de idade, dormindo em ruínas, como as do Coliseu, e se alimentando de esmolas que recebia nas ruas (mesmo sem pedir) e das quais ele sempre compartilhava com outros em situação igual. 

Mas, mais do que isso: sua vida também foi marcada por intensas meditações, orações, penitências, peregrinações a santuários e adoração à Eucaristia. Ele morreu aos 35 anos em decorrência da vida precária que levava e em seu funeral houve muita comoção. O corpo do santo foi sepultado no mesmo local onde hoje está a capela em sua homenagem. 

São Bento José Labre foi canonizado em 8 de dezembro de 1881, pelo Papa Leão XIII e seu dia é celebrado em 16 de abril, dia de sua morte. 

Citado também pelo Papa Francisco

Em sua Mensagem para o VIII Dia Mundial dos Pobres, publicada em 13 de junho de 2024, o Papa Francisco exortou os fiéis a orarem pelos mais pobres, pois a “oração do pobre eleva-se até Deus”. 

Ao lado de Madre Teresa de Calcutá, o Papa Francisco citou também São Bento José Labre como exemplo de quem viveu e caminhou como pobre e com os pobres, ao mesmo tempo em que não se resignou a dedicar a vida a Deus, sempre diante do Santíssimo Sacramento, com um terço na mão e em companhia do Novo Testamento. 

“E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele”, recordou Francisco. 

Na carta, o Papa argentino lembrou ainda aos fiéis que todos os cristãos, individualmente e em comunidade, são chamados a ser instrumentos de Deus para servir e integrar os mais pobres plenamente à sociedade. “Isso supõe estar docilmente atento para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo”, afirmou o Papa Francisco, pedindo que os esquecidos e marginalizados socialmente não percam a certeza de que “Deus está atento” e “perto” de cada um.

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18 novembro 2025, 11:53