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“Inteligência Artificial”: tema de reflexão na 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

Os trabalhos do episcopado brasileiro retomados ontem, segunda-feira (15), no Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida prosseguem nesta terça-feira, na segunda semana da 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, após um domingo de repouso.

Silvonei José – Vatican News - Aparecida

Na parte da manhã desta terça-feira, os bispos participaram na Santa Missa com Laudes, realizada no Altar Central do Santuário Nacional de Aparecida, presidida por dom João Justino de Medeiros, primeiro vice-presidente da CNBB, arcebispo de Goiania. Após a Santa Missa tem lugar a 15ª e 16ª sessões da AG CNBB.

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Já a Missa de ontem, segunda-feira foi presidida pelo bispo de Imperatriz–MA e presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, dom Vilson Basso. A Santa Missa foi concelebrada pelos bispos dom Antônio Fontinele de Melo, de Humaitá–MA, e o bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, Dom Darley José Kummer, que também integram a Comissão para a Juventude da CNBB

Após a Santa Missa a 11ª sessão da AG CNBB. Os bispos aprofundaram o tema da “Inteligência Artificial”, em um painel apresentado pelo chefe do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e presidente da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), professor Everthon de Souza Oliveira, e Danilo Pinto, secretário do Instituto Nacional de Pastoral padre Alberto Antoniazzi (Inapaz) e sócio-fundador da SBCC.

Os trabalhos

Em seguida, às 10h, os jornalistas voltaram a se encontrar com os bispos na Coletiva de Imprensa. Os bispos indicados para participar da coletiva nesta segunda foram: o bispo de Imperatriz–MA, dom Vilson Basso, que falou sobre o tema “Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes”; o bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, dom Maurício da Silva Jardim, que apresentou os projetos missionários e Igrejas Irmãs, e também o bispo de Campo Limpo (SP), dom Valdir José de Castro, que conversou sobre o tema da Inteligência Artificial.

Após a Coletiva, o episcopado retornou para a 12ª sessão, que centralizou a sua atenção sobre o tema central da Assembleia: “a atualização das diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil”. Os bispos continuaram o caminho de discernimento sobre as diretrizes na dinâmica das 45 mesas sinodais.

No período da tarde, os bispos participaram da 13ª e 14ª sessão, que foram reservadas. Os prelados trataram de assuntos internos e, por este motivo, não foi autorizada a cobertura da imprensa.

Coletiva de Imprensa

A coletiva desta segunda-feira (15), teve a presença de muitos jornalistas. Os jornalistas se encontraram com o bispo de Imperatriz–MA, dom Vilsom Basso, com o bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, dom Maurício da Silva Jardim e com o bispo de Campo Limpo (SP), dom Valdir José de Castro.

Os assuntos tratados foram “Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes”, projetos missionários e Igrejas Irmãs, além da Inteligência Artificial.

Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes

O tema da Inteligência Artificial foi abordado por Dom Valdir José, que explicou que o episcopado está refletindo esse tema, que não é propriamente novidade, mas tem se desenvolvido cada vez mais.

“Devemos tudo isso ao Papa Francisco, que tem incentivado a Igreja a entrar, refletir, pensar e agir pastoralmente, levando em consideração a inteligência artificial. Se os senhores se lembram, o tema para o Dia Mundial da Paz foi 'Inteligência artificial e paz', e o tema para o próximo Dia Mundial das Comunicações é 'Inteligência artificial e sabedoria do coração, para uma comunicação plenamente humana'”.

O bispo explicou que é necessário que a Igreja, como perita em humanidade, pense como ela pode orientar eticamente o uso das inteligências artificiais. Como utilizar as inteligências artificiais para o serviço da Igreja de evangelização?

“Vamos partir do positivo das inteligências artificiais. Como a Igreja pode utilizar esses meios e recursos para anunciar o Evangelho, para comunicar-se com a cultura de hoje”.

E finalizou, citando uma frase de Papa Francisco sobre o assunto: “Corre-se o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade”.

“Então nós temos que humanizar a tecnologia. Não negar as tecnologias, mas como utilizá-las levando ao o coração humano e tornando a humanidade mais humana?”.

Dom Vilsom Basso, bispo referencial para a Pastoral da Juventude, iniciou apresentando o sonho do Papa Francisco com o Sínodo de 2018, que fala que a Igreja deve investir tempo, energia e recursos financeiros na evangelização dos jovens. 

“A Christus Vivit - disse ele - que foi a exortação apostólica pós-sinodal, onde papa Francisco coloca meios para uma nova pastoral com os jovens, colocando a Boa Nova de que Deus ama os jovens, que o Cristo derramou seu sangue por eles e que Jesus vive e está sempre presente ao lado dos jovens”.

No último ano, jovens de todo o mundo participaram da Jornada Mundial da Juventude, que se realizou em Lisboa, esse tipo de evento engaja os jovens de uma maneira muito forte, mas existem desafios para manter esse interesse após o término do evento.

“Os eventos ajudam, mas o fundamental é o dia a dia, os encontros semanais, a vida na comunidade. E nesse sentido, nós pensamos aqui maneiras de como a gente pode trabalhar o dia a dia nos grupos de jovens. Onde os jovens estão? Na catequese, liturgia, pastoral da comunicação, no trabalho social, na missão. Como fazer para que esse fogo não se apague? Fazer com que isso de fato reverbere, chegue a outros jovens. Jovem evangelizando jovem”.

Dom Vilsom contou em primeira mão, uma das alternativas encontradas pelos bispos, para chegar ao jovem.

“Como grande desafio é de fato chegar na juventude, a Igreja tem uma bela notícia, a notícia de um Cristo Vivo, jovem, ressuscitado com tantas propostas e parece que não chegar lá, por quê? Então discutimos, criamos um grupo de trabalho chamado gamificação, estou dando em primeira mão para vocês; junto com a Universidade Católica de Brasileira, descobrir novas maneiras de conversar, de envolver, falar de Jesus, por que não através de um aplicativo, através um game?”.

Por fim, ele ainda falou da importância de chegar aos jovens e permanecer com eles.

“Um dos assuntos é esse, são esses milhares de jovens que chamamos de “desigrejados”, que não se congregam em uma igreja, em uma comunidade, como fazer chegar no coração deles essa boa, bela e libertadora noticia que é nosso senhor Jesus Cristo”.

Projetos missionários e Igrejas Irmãs

Dom Maurício, bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, falou sobre a Igreja e a missão, explicando que a missão é o dia a dia, é a essência da Igreja, do cristão.

“A missão é a natureza da Igreja, é a identidade, é aquilo que está no coração de toda a Igreja. A missão não se reduz a atividades, a algumas horas do dia, mas à missionariedade, que, inclusive nas novas diretrizes, ocupa um lugar muito central. Ela é compreendida como transversal. Papa Francisco diz que a missão é o paradigma de toda a Igreja”.

Ele ainda explicou sobre o Projeto Igrejas Irmãs, que há 52 anos realiza um trabalho verdadeiro de missão.

“A maturidade da fé e a maturidade de uma Igreja é quando ela oferece ajuda a uma outra igreja. E aqui no Brasil nós temos o projeto Igrejas Irmãs, que foi criado em 1972, quando as igrejas do sul do Brasil começaram a ajudar as igrejas do norte. Então, há 52 anos que nós temos esse projeto de cooperação missionária; uma diocese ajuda outra diocese”.

E acrescentou:

“Atualmente são mais de cem dioceses ajudando outras dioceses. São diferentes formas de cooperação missionária, ajuda material, envio de pessoas e também através da oração. E aqui nós estamos também discutindo uma atualização desse Projeto Igrejas Irmãs: nós queremos lançar um texto, um documento de estudos pela CNBB, discutindo o todo do projeto”.

“Nossa meta é Cristo…”

No sábado teve lugar a terceira coletiva de imprensa que teve como pauta a análise de conjuntura eclesial, o Ano Jubilar, o processo sinodal e a missão do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

“Nossa meta é Cristo…”

Sobre o Jubileu da Esperança, com início na noite do Natal de 2024, o arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva, destacou que “a esperança da humanidade é Jesus Cristo morto e ressuscitado” e, que, num mundo marcado pela violência e pela guerra, é importante que os católicos, com o testemunho profético e coerente, “proclamem a esperança de quem acolhe o Evangelho”.

Dom João Justino explicou que a Igreja no Brasil aguarda as indicações do Papa Francisco para a celebração jubilar, mas que já começou a articulação, a fim de dinamizar pastoralmente a iniciativa por meio de um encontro que ocorreu em Brasília (DF), para representantes das dioceses, nos dias 29 e 30 de janeiro, com a assessoria do prefeito do Dicastério para a Evangelização e também coordenador do Jubileu de 2025, dom Rino Fisichella.

Escuta e proximidade

“Será uma grande festa do povo de Deus que celebra sua fé e o mistério da redenção”, explicou o arcebispo de Goiânia ao afirmar que o Papa Francisco presenteia a Igreja com a oportunidade de olhar a realidade vivida e descobrir os campos que precisam ser tocados pelo anúncio de Jesus Cristo, “a alegria de nossa esperança”, e concluiu: “a peregrinação jubilar é uma metáfora do que é a vida. Nossa meta é Cristo, a vida eterna!”.

O bispo de Camaçari (BA) e membro da comissão brasileira do Sínodo sobre a Sinodalidade, dom Dirceu de Oliveira Medeiros, disse que as dioceses do país continuam a caminhada sinodal a partir da acolhida pastoral do Relatório de Síntese, amplamente divulgado. Ele enfatizou “que a sinodalidade é novo modo da Igreja se portar no terceiro milênio”. Retomando o método ‘Conversa no Espírito’, iniciado na 61ª edição da AG, ele relatou que a dinâmica “tem se mostrado eficaz para o discernimento eclesial”.

O representante da CNBB no Sínodo disse que os membros da Igreja estão desafiados a caminhar como irmãos e irmãs e que também toda a sociedade “é convidada a aprender com método de escuta e de proximidade”.

Realidade plural

Com o binômio ‘individualização’ e ‘pluralização’, o bispo de Petrópolis (RJ), Joel Portella Amado, discorreu sobre a análise de conjuntura eclesial enfatizando que os fiéis e os ministros ordenadores vivem “num mundo marcado por profundas transformações” e que na realidade plural e individual apresentada, “a proximidade, o convívio e a cumplicidade”, características das comunidades eclesiais, evidenciam o testemunho evangélico e realçam o modo solidário de ser Igreja, “na escuta e no diálogo de todos”.

Renovar as estruturas

No que tange o papel do CELAM, o bispo auxiliar de Cusco, no Peru, e secretário-geral da entidade, dom Lizardo Estrada, ressaltou que o episcopado latino-americano, composto por 22 conferências episcopais, “reafirma a comunhão, a fraternidade e a colegialidade entre si e com o Papa Francisco” e que por meio de cursos e motivações pastorais, o CELAM “quer renovar as estruturas por meio da conversão pastoral como discípulos missionários de Jesus Cristo!”, finalizou.

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15 abril 2024, 18:10