Foco na História: conhecendo melhor o continente africano. A África durante a Idade Média
Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista
De forma geral, o estudo da chamada Idade Média mostra que essa classificação que abrange o período do século V a XV se concentra em três eixos principais: a formação da cristandade na Europa Ocidental, o desenvolvimento do Império Bizantino na Europa Oriental e o nascimento e expansão da civilização islâmica, desde a Península Ibérica até a Pérsia, abrangendo também o norte da África e o sul da Europa.
Essa periodização histórica, abrangendo também os demais períodos serve para Europa, não se encaixando no estudo dos demais continentes.
Normalmente, quando se chega ao tema da expansão islâmica, a questão das civilizações que se desenvolveram na África nesse período é tratada, porém de forma muito suscinta e de forma pouco expressiva. A África na Idade Média constitui um tema que deve ser compreendido de forma sistemática, para que se possa compreender a formação do mundo moderno e nele as diversas potências europeias.
Formação histórica do continente africano
No continente africano diversas civilizações se destacaram desde a antiguidade. Foi o caso dos cartagineses estabelecidos no noroeste da África que são lembrados quando se fala da expansão do Império Romano do ocidente. Há o caso da civilização egípcia que floresceu no nordeste africano a partir do delta do rio Nilo e se tornou uma grande potência que não pode ser lembrada apenas pelas suas pirâmides. Recordamos também a civilização da Núbia, situada abaixo do Egito; o reino de Axum, que se desenvolveu na região da atual Etiópia, entre outras civilizações.
Essas civilizações, algumas em maior e outras em menor grau, mantiveram contato com as civilizações da Europa Ocidental, como a romana, e outras que se desenvolveram na Península Arábica, nas planícies iranianas e no Extremo Oriente.
O norte da África passou a sofrer, no período da Idade Média, uma intensa penetração da civilização árabe com a expansão islâmica. A partir do século VII, o islamismo passou a expandir-se por toda a Península Arábica e em direção ao norte africano e ao sul europeu, penetrando na Península Ibérica. Nesse período, houve um choque e um enriquecimento cultural da Europa pelo contato com as culturas africanas, e com as civilizações desse continente que já haviam sido cristianizadas.
Na região do Magrebe, a conversão ao islã ocorreu de forma sistemática, seja pelos reinos poderosos como o de Mali ou pelos povos nômades. Com a islamização, a prática da escravidão, que era bem comum no continente africano desde a Antiguidade, intensificou-se. Ao converter meia África, o Islamismo contribuiu para estimular ainda mais a escravidão, que era praticada antes mesmo de Maomé, já no século VI, quando os mercadores árabes frequentavam os portos da costa oriental da África, trocando cereais, carnes e peixes secos com tribos bantus por escravos.
As populações negras que não se tornaram muçulmanas também consideravam a escravidão um fato normal e alguns reis africanos tinham centenas de escravos como soldados e em suas guardas pessoais.
Além do reino de Mali, outros reinos também tiveram destaque no continente africano nesse período, principalmente aqueles que se desenvolveram abaixo do deserto do Saara, tais como o Reino de Gana, o de Kanem-Bornu, Iorubá e Benin. A principal forma de contato e de comércio entre esses reinos eram as caravanas de camelos, que permitiam o deslocamento para longas distâncias em meio ao deserto com uma quantidade grande de mantimentos, pedras preciosas, escravos, metais, porcelanas, tapetes e muitas outras mercadorias.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui