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Pe. Andrea Lonardo durante a sua participação no evento Pe. Andrea Lonardo durante a sua participação no evento 

Biblioteca Apostólica: mais um encontro sobre a palavra como instrumento de diálogo

O Salão Sistino acolheu mais um encontro dos 8 de “Palavras abertas. Léxico jubilar do nosso tempo", que se prolongará até o fim de 2025, promovido pela Biblioteca Apostólica, uma das mais antigas instituições culturais da Santa Sé, e pelo “Instituto de Cultura e Formação, Antônio Rosmini”, por ocasião do Ano Santo.

Maria Milvia Morciano - Vatican News

“Palavras abertas. Léxico jubilar do nosso tempo”, a iniciativa da Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), em colaboração com o Instituto de Cultura e Formação Antonio Rosmini, chegou ao fim da exposição no último dia 13 de junho, escolhendo um tema que se reflete no próprio título do evento: “palavra”, que neste ciclo de encontros, em que foram aprofundados alguns termos presentes na bula de proclamação do Jubileu Peregrinos de esperança, torna-se concentração, ponto de chegada “da possibilidade de fazer dialogar fé, cultura, arte, várias expressões artísticas em um lugar, o Salão Sistino, que tem um valor histórico ligado justamente à vocação da biblioteca”, observa Pe. Mauro Mantovani, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana.

A exposição na Biblioteca Vaticana
A exposição na Biblioteca Vaticana

Tudo é palavra

No Salão Sistino, que serviu de palco para o encontro, tudo remete à palavra: os afrescos que o decoram traduzem em imagens diferentes alfabetos e linguagens, dando vida a um concerto simbólico que cria uma ponte entre a tradição teológica, o magistério da Igreja representado pelos concílios e as grandes bibliotecas da antiguidade: um vínculo e uma sinergia voltados para cultivar e fazer florescer o humano, para fazer dialogar, portanto, fé, cultura, abrindo-se ao diálogo com as várias culturas e tradições religiosas.

O testemunho de Pe. Mauro Mantovani, prefeito da BAV

Como um coração

Biblioteca e palavras são duas realidades inseparáveis e Pe. Giovanni Cesare Pagazzi, arquivista e bibliotecário da Santa Romana Igreja, observa que a BAV é como um coração que bate em dois tempos, abre-se e fecha-se. Um duplo movimento, essencial para a vida de um ser vivo, mas também para uma biblioteca, pela sua função de guardiã do conhecimento a transmitir às gerações futuras. O projeto “Palavras abertas” baseia-se na ideia de que as palavras têm o poder de abrir e criar relações, assim como as primeiras palavras que aprendemos na infância, como “mamãe” e “papai”, são uma abertura ao afeto e à comunicação.

A biblioteca é um coração, afirma Pe. Giovanni Cesare Pagazzi

Experiência dos homens e a verdadeira Palavra

“Nas palavras se expressa toda a experiência e sabedoria dos homens”, explicou Pe. Andrea Lonardo, diretor do Departamento para a Catequese e o Catecumenato da Diocese de Roma. No entanto, “vivemos em um contexto em que há grande desconfiança em relação à palavra”. Apesar das aparências, todos desconfiam dela e os jovens sabem cada vez menos escrever e falar, a palavra dos especialistas torna-se cada vez mais arcana, complicada, filológica. E Lonardo cita Andrea Moro, um neuropsicólogo: “o homem é o único ser que faz uso infinito de signos finitos”. A palavra é um sinal finito: um chimpanzé conhece 130 símbolos, pode aprendê-los, mas não sabe escrever um poema, não sabe dizer uma oração. “A palavra é aquela capacidade que o homem tem de forma infinita de poetar ou de ver com a ciência, a religião, a fé, a oração, até mesmo a blasfêmia de se relacionar com o universo”, continua o diretor do Departamento da Diocese Romana, “mas Cristo é maior do que toda a experiência dos homens, é a palavra”. O Papa Francisco lembrou isso quando disse que “a palavra de Deus precede e excede a Sagrada Escritura”, é maior. “Não basta ler a Escritura para compreendê-la, é preciso ter Jesus em mente, porque ele é a verdadeira Palavra”, conclui Lonardo.

Pe. Andrea Lonardo sobre a capacidade da palavra
Os afrescos da Biblioteca Vaticana
Os afrescos da Biblioteca Vaticana

Imagens e palavras que parecem cantar

Gennaro Colangelo, diretor artístico do projeto “Parole aperte” (Palavras abertas), apresentou o ator Emmanuel Casaburi, que recitou uma série de leituras relacionadas aos papas, de João XXIII a Leão XIV. Trata-se de textos fundamentais que mostram como os pontífices expressaram sua proximidade com o mundo da comunicação e da arte.

O discurso de Leão XIV aos profissionais da comunicação, em 12 de maio, nos trouxe até os dias atuais. Todos os textos, abrangendo quase um século, compõem um léxico ideal de valores que o Jubileu reúne como herança viva. Também foi comovente o monólogo “La Madonna delle rose” (A Madona das Rosas), extraído da peça teatral Filumena Marturano, de Eduardo di Filippo, à qual o Papa Pio XII reconheceu o valor de oração.

Federico Barocci (1528-1612), Anunciação
Federico Barocci (1528-1612), Anunciação

Enquadram o evento algumas obras que evocam o tema da palavra, como os modelos do Papiro Hanna, entre as primeiras testemunhas da Sagrada Escritura, datáveis do século III d.C., onde se vê o ponto em que termina o Evangelho de Lucas e começa o de João, e a Bíblia de Gutenberg. No que diz respeito à arte figurativa, estão expostas a belíssima gravura com a Anunciação de Federico Barocci, tradução gráfica da pintura realizada entre 1582 e 1584, hoje na Pinacoteca Vaticana, e algumas das Cem aquarelas do Comentário ao Evangelho do artista toscano Sigfrido Bartolini, realizadas entre 1996 e 1998.

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16 junho 2025, 11:18