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2025.12.11 Suor Mumbi Kigutha CPPS in un seminario con le religiose africane #SistersProject

“Ancestrais Viventes”: as vozes das religiosas são testemunho de resiliência na África

Inúmeras histórias de coragem permanecem desconhecidas, mas o livro “Ancestrais Viventes” surge como uma voz para as mulheres invisíveis, silenciadas e profundamente fiéis que moldaram os espaços espirituais e sociais de África através de décadas de serviço consagrado. A obra inovadora, escrita pela Irmã Mumbi Kigutha, CPPS, das Irmãs do Preciosíssimo Sangue de Dayton, Ohio, oferece um raro vislumbre das experiências vividas.

Irmã Christine Masivo

Nasceu no Quénia e trabalha agora nos Estados Unidos. A Irmã Mumbi, presidente da Friends in Solidarity, uma missão católica sem fins lucrativos sediada nos EUA que opera no Sudão do Sul, oferecendo apoio e capacitação, afirma ser apaixonada por dar voz às religiosas africanas, mulheres cujas vidas foram tecidas de sacrifício, fé e compromisso inabalável com Deus e a humanidade. O seu trabalho passa muitas vezes despercebido, longe do reconhecimento público.

Através da iniciativa Watawa wa Taa, que significa «Mulheres de luz consagradas» em suaíli, criou uma plataforma para que as mulheres religiosas africanas possam dialogar para enriquecimento e renovação mútuos. Esta foi a génese do livro “Living Ancestors” e o lugar onde nasceu.

O nascimento das Ancestrais Viventes

O projeto começou com uma pergunta profunda: «Não seria maravilhoso se contássemos as histórias das gerações mais idosas das religiosas em África»? Inspirada pela Irmã Jane Wakahiu, LOSSF, uma das colaboradoras do livro, a Irmã Mumbi convidou religiosas que serviram durante mais de 30 anos na vida religiosa a refletirem teologicamente sobre o seu percurso.

O primeiro volume, já publicado, reúne a vida de 15 religiosas em toda a África. Provenientes de diversas congregações, culturas e ministérios, algumas são fundadoras, enquanto outras são missionárias pioneiras, mas todas têm em comum um “Sim” resoluto ao chamamento à vida religiosa. «Estas irmãs vivem vidas profundas, escondidas em diferentes recantos do mundo», afirmou a Irmã Mumbi ao Vatican News. «As suas histórias não são autocelebrativas; são testemunhos sagrados de perseverança, fé e amor».

Neste livro, conhecemos mulheres que ensinaram em escolas remotas, cuidaram de doentes durante conflitos civis, fundaram instituições e cultivaram a comunidade através da fé. «As suas histórias não são apenas memórias, mas teologias vivas», declarou.

A Irmã Mumbi Kigutha
A Irmã Mumbi Kigutha

Histórias nunca contadas

A Igreja em África sempre foi sustentada pela presença silenciosa das irmãs africanas. Gerem hospitais, escolas, orfanatos e paróquias, muitas das quais em ambientes bastante desafiantes. As histórias delas são em grande parte desconhecidas fora das suas congregações ou países.

“Living Ancestors” afirma a sua contribuição essencial para a Igreja Católica em todo o mundo e oferece o reconhecimento há muito merecido. A Irmã Mumbi une gerações ao documentar as suas ricas experiências, mostrando às irmãs mais novas onde afundam as suas raízes e permitindo que o mundo aprecie os frutos da vida religiosa africana.

Os desafios

«Cada sucesso tem os seus desafios», disse a Irmã Mumbi. «O projeto enfrentou barreiras linguísticas e de infraestruturas». A história colonial de África deixou divisões linguísticas que muitas vezes impedem uma colaboração significativa entre as religiosas que falam inglês, francês e português.

«Às vezes recorri a aplicativos de tradução», observou ela. «Mas o Espírito encontrou sempre um caminho».

Conquistar a confiança das irmãs foi difícil; muitas nunca a tinham conhecido e nunca tinham escrito reflexões pessoais antes. «Estava a pedir algo sagrado», enfatizou ela. «Mas Deus providenciou, e tornou-se a obra do Espírito Santo».

A sua visão

A sua visão estende-se por todo o continente. «O meu sonho é publicar dez volumes, dedicados a pelo menos uma irmã em cada país africano. Quero que isto seja uma lembrança do nosso património espiritual partilhado». Está também a planear futuros programas Watawa wa Taa focados na vida religiosa, na liderança e no bem-estar holístico, incluindo webinars em todo o continente sobre saúde mental, nutrição e espiritualidade.

A Irmã Mumbi Kigutha durante um seminário com religiosas africanas
A Irmã Mumbi Kigutha durante um seminário com religiosas africanas

Irmandade global

Embora profundamente enraizada no contexto africano, a “Living Ancestors” tem uma relevância global. «As religiosas africanas fazem parte da irmandade global», enfatizou a Irmã Mumbi. «Ao enraizarmo-nos nos nossos contextos, nas lutas, nas alegrias e na história, oferecemos autenticidade ao mundo. Fortalecemos a Igreja sendo o que somos».

Para aqueles que estão fora de África, o livro serve de janela para uma tradição de fé vibrante e forte, que revela uma Igreja sustentada por mulheres que servem com humildade e graça. O Papa Francisco enfatizou a importância de reconhecer o contributo das mulheres no âmbito povo de Deus, lembrando à Igreja que ela própria é mulher, filha, esposa e mãe.

Celebrar os santos que vivem entre nós

A Irmã Mumbi concluiu com um apelo: «Devemos oferecer flores às nossas irmãs enquanto ainda estão vivas». “Living Ancestors” presta homenagem às mulheres pioneiras que moldaram a vida religiosa africana moderna e inspiram as novas gerações a seguir os seus passos. A sua santidade, recorda-nos, não se encontra apenas nas igrejas ou nos títulos de santidade, mas na resiliência diária das mulheres que se levantam para ensinar, curar, orar e servir.

O livro está disponível on-line e as religiosas africanas são convidadas a contribuir para volumes futuros e a participar nas conversas em curso no seio da Watawa wa Taa.

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16 dezembro 2025, 08:00